Será mais importante a qualidade ou a variedade dos alimentos?

Criado por Vítor Martins em 13 de Agosto de 2018 | 0 comentários

Quem já pensou em fazer uma dieta nutricionalmente adequada ouviu, com certeza, o conselho de ingerir alimentos variados. Contudo, há especialistas que afirmam que esta antiga recomendação pode estar um pouco desatualizada.

Cientistas da Associação Americana do Coração perceberam que ter uma dieta variada pode não significar uma saúde melhor. Atualmente, dietas diversificadas estão associadas a piores resultados na redução do risco de doenças crónicas como a obesidade, doenças cardíacas e diabetes.

O artigo com as descobertas foi publicado na revista científica Circulation.

Há muito tempo que as pessoas são levadas a consumir uma vasta gama de alimentos. Um novo estudo indica que essa indicação se baseia em investigações antigas que tinham como objeto populações de baixo rendimento.

Estas comunidades descobriram que o consumo de uma ampla coletânea de alimentos ajudava a evitar deficiências nutricionais. No entanto, nos dias de hoje, cuja desnutrição não é tão recorrente e onde os alimentos existem em quantidades abundantes, esse conselho pode não se encaixar tão bem.

 

A qualidade é melhor que a diversidade

Para determinar se uma dieta era diversificada, os investigadores desses estudos analisaram a uniformidade dessa dieta. Mediam quais os tipos de alimento que forneciam mais energia ou calorias e a diferença da dieta, que mediu características específicas de diferentes tipos de alimentos, como a quantidade de fibra ou a forma como a comida foi processada.

Usando diferentes definições de diversidade, os estudos não encontraram um benefício geral de saúde das chamadas “dietas variadas”.

Quando focaram na qualidade da dieta, isto é, se continha gorduras saudáveis, muitas frutas e vegetais e quantidades limitadas de carne vermelha e laticínios, perceberam que essas dietas estavam, de facto, associadas a um menor risco de doenças crónicas.

 

Variedade alimentos prejudiciais

Em alguns dos estudos, as pessoas que mantinham uma dieta diversificada tendiam a ingerir muitos alimentos nutritivos, como peixe e vegetais. Porém, adicionavam também muitos doces, lanches e outros alimentos processados. Tudo conjugado acabava por prejudicar a dieta.

Este facto não surpreendeu os especialistas, uma vez que as pessoas que comem uma maior variedade de alimentos tendem a ingerir comidas menos saudáveis. Por outro lado, as pessoas que restringem a alimentação a frutas e vegetais, como os vegans, tendem a comer mais saudável.

A grande variedade alimentar também foi associada a uma maior ingestão calórica e, consequentemente, um maior ganho de peso. Estudos mostraram também que a vasta gama alimentar pode demorar a satisfazer as pessoas, aumentando a quantidade de comida necessária para saciar o indivíduo.

Marcia Otto, professora de epidemiologia, genética humana e ciências ambientais na Universidade do Texas (EUA), afirma que as pessoas deviam preocupar-se menos com a variedade e privilegiar a qualidade da dieta. Ainda que isso implique preencher metade do prato com apenas um ou dois vegetais.

 

Boas escolhas

No século XIX o significado de “dieta variada” era um pouco diferente do que é agora. As pessoas tentavam a todo o custo combater a desnutrição. Por isto, o objetivo era ingerir uma grande quantidade de nutrientes a cada refeição. Daí a variedade de alimentos.

Atualmente, enfrentamos exatamente o contrário. Existem cada vez mais doenças crónicas associadas à supernutrição. Otto explica que toda esta investigação não significa que não seja bom comer alimentos variados. Salienta apenas a necessidade de interpretação da palavra “variedade”, na medida em que incluir todo o tipo de alimentos pode não ser necessariamente saudável.

Concluindo, Marcia Otto revela que é a quantidade de frutas, legumes, nozes e outros alimentos nutritivos que tornam uma dieta saudável.

 

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Arquivado na categoria: Educação