Há um mapa que quantifica a água escondida debaixo da terra
Provavelmente não faz a mais pequena ideia que o volume total de água armazenada no subsolo do planeta é estimado em 23 milhões de km³.
Este volume de água seria o suficiente para cobrir toda a superfície da Terra com uma camada de 180 metros de profundidade. Há muita água no nosso planeta, mas onde está essa água toda?
Um grupo de investigadores de diversas universidades do Canadá, da Alemanha e dos Estados Unidos, produziram um mapa global das reservas totais de água ou águas subterrâneas na Terra. Esta informação foi publicada na revista científica Nature Geoscience.
Toda essa água está em condições para consumo?
Não. Segundo o estudo, apenas 6% dessa água é própria para consumo humano. Isso porque a chamada água “moderna” presente no subsolo está próxima da superfície e pode ser extraída ou usada para complementar recursos localizados acima do solo, em rios e lagos.
Este grupo de cientistas, com base nos dados das reservas totais de águas subterrâneas do nosso planeta, com mais de 40.000 modelos de água subterrânea e de dados a partir de cerca de um milhão bacias, descobriram agora que menos do que 6% de água subterrânea nos dois primeiros quilómetros da massa da Terra é renovável no âmbito do curso da vida humana.
“Esta é a água que é renovada mais rapidamente ─ na escala de vida humana”, explicou Tom Gleeson, da Universidade de Victoria, no Canadá, responsável pelo estudo.
“Ao mesmo tempo, é a mais sensível a mudanças climáticas e contaminação humana. Trata-se, portanto, de um recurso vital que precisa ser melhor gerido.”
Recurso finito
Para quantificar a água armazenada nos dois primeiros quilómetros da superfície da Terra, Gleeson e a sua equipa combinaram extensas bases de dados e modelos computacionais.
Do total de água na Terra, a água salgada dos oceanos, mares e as águas subterrâneas salgadas representam cerca de 97% desse mesmo valor total. Apenas 2,5-2,75% é água doce.
Foram analisados, entre outros factores, a permeabilidade de rochas e do solo, a sua porosidade e características dos lençóis freáticos.
A chave para determinar a idade de toda a água armazenada foram medições feitas com trítio, uma forma radioactiva de hidrogénio que surgiu na atmosfera há 50 anos como resultado de testes de bombas termonucleares.
A partir desse elemento químico, os cientistas puderam identificar toda a chuva que chegou ao subsolo desde então.
O mapa acima mostra a distribuição da água moderna presente no subsolo ao redor do mundo. As manchas em azul escuro mostram onde esta água é renovada rapidamente. Em tom mais claro, a água mais antiga, que na sua maioria está estagnada e não pode ser renovada.
Onde há mais água?
“As características dessa água antiga variam muito”, segundo Gleeson. “Nalguns lugares, é muito profunda. Noutros, não. Em muitos lugares, ela é de má qualidade e pode ser mais salina que a água do mar, além de ter metais e outros componentes químicos dissolvidos e que teria de ser tratada antes de se tornar potável ou usada na agricultura.”
A estimativa global das águas subterrâneas no mundo é de cerca de 23 milhões de quilómetros cúbicos, dos quais 0,35 milhões de quilómetros cúbicos que têm menos de 50 anos de idade. Os principais aquíferos são encontrados principalmente na Bacia Amazónica, Congo, Indonésia, América do Norte e América Central.
O estudo mostra que embora haja muita água, pouco é potável e a pouca que existe está francamente exposta à poluição e ás alterações climatéricas, o que tem vindo a ser um problema a controlar. O caminho é óbvio, é muito importante as reservas modernas serem bem administradas para haver sustentabilidade.
[ Via ]
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