Descoberto no Egipto um queijo com 3200 anos, vai uma fatia? | Pplware Kids

Descoberto no Egipto um queijo com 3200 anos, vai uma fatia?

É sabido que o homem faz queijo há muito tempo e uma descoberta recente, trazida de um túmulo egípcio, mostra essa verdade.

Foi trazido ao conhecimento público um pedaço de queijo com pelo menos 3200 anos, poderia ser um delicioso manjar mas é uma potencial fonte de doença.


Queijo… queijo… mas porquê queijo?

Antes de tudo, temos a palavra, o que desde cedo interpretamos ao ouvir prenunciar queijo.

A origem da palavra queijo parece encontrar-se no latim popular caseus. A fonte mais antiga é provavelmente da raiz proto-indo-europeia kwat – que significa “fermentar, tornar ácido”.

Em português, a moderna palavra queijo surgiu por intermédio do espanhol queso, do ano 980, documentado em português sob a forma queso em 1188.

 

Composição de um queijo com 3200 anos

A descoberta seguramente coloca este queijo como o mais antigo alguma vez documentado. Um resíduo sólido arqueológico que ficará para já como um marco no fabrico do queijo.

Datado do século 13 aC, a “massa esbranquiçada” foi descoberta dentro de um jarro.

Apesar dos 30 séculos de exposição a condições severas do deserto, o composto reteve o suficiente do seu conteúdo químico original permitindo desta forma que os cientistas estudem e analisem as suas origens.

Além de determinar o tipo de leite animal usado para fabricar o queijo, os investigadores também detetaram traços de uma bactéria perigosa que ainda hoje, no mundo moderno, está presente.

 

O túmulo da origem até aos dias de hoje

O túmulo que continha o pote de queijo foi descoberto em 1885, mas foi “esquecido” e subsequentemente perdido depois de soterrado pelas areias do Saara, desapareceu assim, este sítio arqueológico.

Mais de um século depois, já no ano de 2010, o local foi reexaminado por investigadores franceses. Estes descobriram que os ladrões de túmulos já haviam saqueado a tumba, mas foram deixados para trás diversos potes de cerâmica.

O jarro que continha o queijo antigo foi enterrado ao lado de Ptahmes, antigo governante da cidade egípcia de Memphis, a capital do Baixo Egito na época.

O sítio arqueológico remonta à XIX dinastia egípcia, que governou a região de 1292 a 1189 aC. Como figura política, Ptahmes era importante. Além dos seus deveres como “presidente” de Memphis, era o chefe militar do estado-maior e supervisionava o tesouro da cidade.

Após a sua morte, o seu status foi elevado a Sumo Sacerdote do deus Amon, uma antiga divindade egípcia.

Conforme aponta o novo estudo, Ptahmes também pode ter tido uma queda por queijo.

 

Características do queijo

Com 33 séculos de exposição ao ambiente altamente alcalino do deserto, as características do produto foram alteradas, a natureza química sofreu fortes alterações, principalmente o seu conteúdo gordo, o que dificultou a análise do alimento.

Para estudar o queijo, a equipa liderada por Enrico Greco, da Universidade de Catania (Itália), concebeu uma técnica nova de examinar proteínas e identificar marcadores péptidos (cadeias curtas de aminoácidos que sinalizam a presença de substâncias específicas).

Depois de dissolver pedaços da massa branca, a equipa de Greco isolou e purificou pequenas quantidades de proteína. As proteínas foram cuidadosamente analisadas usando espetrometria de massa e cromatografia líquida.

O resultado desta “receita” mostrou aos investigadores que estes estavam perante uma substância que era seguramente um tipo de queijo sólido.

 

Delicioso mas pode ser perigoso para a saúde

Segundo os resultados dos investigadores, este alimento lácteo com 30 séculos, foi produzido a partir de uma mistura de leite de cabra, de ovelha e, estranhamente, de búfalo-africano – uma espécie não tipicamente associada a animais domésticos mantidos e ordenhados na África moderna.

A análise do tecido encontrado em cima do queijo mostrou que o material era bom para manter substâncias sólidas, não líquidas. A lona era provavelmente utilizada para cobrir o queijo ou, possivelmente, o topo do frasco onde se encontrava.

Os cientistas também encontraram marcadores péptidos consistentes com Brucella melitensis, uma bactéria que causa uma condição chamada de brucelose. Resultado que não é surpreendente porque este queijo não era pasteurizado, o que o torna uma comida potencialmente perigosa.

De acordo com o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças dos EUA, a maneira mais comum de ser infetado com Brucella melitensis é através do consumo laticínios não pasteurizados / crus. Quando as ovelhas, cabras, vacas ou camelos são infetados, o leite fica contaminado com a bactéria e, se não for pasteurizado, ela pode ser transmitida para o ser humano.

A brucelose normalmente não é fatal, mas é desagradável. Sintomas incluem febre, suores noturnos, mal-estar e dores musculares, com potenciais problemas de saúde a longo prazo como artrite, inchaço dos testículos, fadiga crónica e endocardite.

Evidências arqueológicas já mostraram que os antigos egípcios não eram estranhos à brucelose. A descoberta recente fornece mais uma prova da presença deste tipo de infeção, e dos seus meios de transmissão através de queijo contaminado, durante este período.

 

E que tal o sabor?

Quanto ao sabor e textura do queijo, ele teria uma consistência semelhante à do chèvre (queijo francês feito com leite de cabra), mas com um toque ácido. Também seria húmido. Mas ninguém quis provar!!!

Foi publicado na revista científica Analytical Chemistry a pesquisa a este queijo.

Arquivado na categoria: Curiosidades


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