Nova era geológica pode encaminhar a Terra para um estado de “estufa”
A Terra não para de aquecer… e as consequências estão à vista. Após um novo estudo, os cientistas alertam que um efeito dominó vai entrar em ação se as temperaturas globais subirem 2º C acima dos níveis pré-industriais. Este facto pode provocar a subida do nível médio das águas do mar e o aumento do efeito de estufa, tornando determinadas áreas do planeta inabitáveis.
Podemos estar a levar o planeta para um caminho sem volta.
Ainda que a meta de redução da emissão de gases de efeito de estufa seja atingida, há um limiar crítico que pode ser alcançado. Segundo os investigadores do Centro de Resiliência de Estocolmo, da Universidade de Copenhaga, da Universidade Nacional Australiana e do Instituto Potsdam de Investigação sobre o Impacto Climático é possível que este perigoso patamar provoque uma abrupta mudança.
O relatório foi publicado na revista científica Proceedings of the National Academy of Scienses.
O valor considerado como um ponto de inflexão para o clima é de 2º C acima dos níveis pré-industriais. Em 2015, cerca de 200 países acordaram limitar a elevação da temperatura para abaixo daquele valor. Contudo, o referido estudo indica que a Terra corre o risco de entrar em condições de “estufa”, onde a temperatura média global será de 4 a 5 graus Celsius acima dos níveis pré-industriais.
Esta situação está prevista mesmo que as metas de redução de emissão de gases de efeito de estufa sejam atingidas.
Se esse ponto for cruzado, a temperatura média global vai atingir valores maiores que em qualquer outro período interglacial dos últimos 1,2 milhões de anos. Também os níveis do mar vão registar os maiores valores da época do Holocénico. O aumento das temperaturas pode resultar no aumento do nível das águas do mar até 60 metros, inundando a costa e forçando a transferência das populações para o interior.
Uma vez que a atividade humana está a afetar diretamente o clima do planeta, muitos cientistas acreditam que entramos numa nova era geológica, o Antropocénico.
As consequências são visíveis. Uma onda de calor que atingiu os Estados Unidos da América, a Europa e a Ásia e as cada vez mais frequentes mortes devido a incêndios florestais e secas.
As temperaturas médias globais rondam atualmente 1º C a mais do que na era pré-industrial e estão a subir, em média, 0,17º C por década. Se nada mudar, o efeito dominó vai atingir o planeta e vai dar origem a processos como o degelo do pergelissolo, a perda de hidratos de metano no fundo do oceano, a perda do gelo marinho no verão ártico e a redução do gelo do mar antártico e dos lençóis de gelo polar.
Johan Rockström, coautor do relatório e diretor executivo do Centro de Resiliência de Estocolmo revela que “há lugares na Terra que se tornarão inabitáveis se a ‘estufa’ se tornar realidade”.
Para impedir que tudo isto aconteça deve ser realizado um melhor planeamento florestal, agrícola e dos solos, a conservação da biodiversidade e a promoção de tecnologias que renovem o dióxido de carbono da atmosfera e o armazenem no subsolo.
Como é notório, evitar que a Terra se transforme numa autêntica estufa exige mais do que reduzir a emissão de gases de efeito de estufa.
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