Caño Cristales – O rio das sete cores que parece tirado do paraíso

Criado por Vítor Martins em 29 de Junho de 2018 | 0 comentários

Tem sido chamado de “o rio dos deuses”, “o rio das sete cores”, “o arco-íris que se derreteu” ou “o rio mais bonito do mundo”. Isto porque no seu fundo são reproduzidas plantas aquáticas (algas) de cores diferentes, que produzem a sensação de estarem frente a um rio de seis cores: vermelho, amarelo, verde, preto, azul e rosa principalmente.

Esta é mais uma maravilha do nosso planeta que deixamos hoje para contemplar.

A paleta de cores exibida pelo magnífico rio, que percorre o Parque Nacional Natural da Serra Macarena, deslumbra quem por lá passa. Depois de vários anos marcados por conflitos armados que mantiveram este território interdito ao público, o espaço recupera agora a sua calma.

Incluído na divisão administrativa de Meta, este parque tornou-se num dos destinos ecoturísticos mais importantes da Colômbia.

A sua reabertura aconteceu há quatro anos, mas a sua história começou em meados do século passado.

Situada entre Piedemonte andino e a selva amazónica, esta cordilheira teve origem há 1200 anos. Depois de milhares de camponeses serem violentamente expulsos da sua terra natal, iniciou-se uma revolta que visava a recuperação do espaço. Desta forma, acabou por se iniciar uma guerra entre forças governamentais, grupos paramilitares e traficantes de droga, que viria a durar décadas.

A terra pela qual corre o rio distingue-se pela sua biodiversidade, compreendendo 25% das florestas e 15% da água doce do planeta, pelo elevado número de endemismos e por se tratar de um dos locais com a mais antiga história geológica do planeta.

Esta unicidade é favorável ao aparecimento de belos acidentes geográficos como quedas de água naturalmente incríveis. Inclui o planalto das Guianas, uma enorme formação rochosa que se estende pela Colômbia, Venezuela, Brasil, Guiana, Suriname e Guiana Francesa, considerada uma das mais antigas da Terra.

Ainda que a sua explosão cromática esteja apenas disponível durante três meses por ano, Caño Cristales é conhecida por “rio das sete cores” ou “rio que fugiu do paraíso”. O espetáculo começa em julho quando as chuvas intensas acalmam e o nível da água desce. Desta forma, estão reunidas as condições necessárias para que a Macarenia clavígera floresça. Planta fanerogâmica endémica, possui uma abundância de folhas com um tom entre o vermelho e fúchsia.

Estes tons intensos são fomentados pelos carotenoides, pigmentos típicos dos organismos fotossintéticos que protegem as plantas da oxidação e da radiação solar. A floração atinge o seu apogeu entre setembro e novembro, quando as águas secam e planta entra na sua fase reprodutiva, levando ao encerramento temporário do parque.

Espaço promovido pelo Estado, acolhe uma das aves vivas mais primitivas, o jacu-cigano, que gosta de nidificar em árvores perto de cursos de água. O parque alberga ainda ursos-formigueiros, jaguares, pumas, veados, várias espécies de primatas, répteis, anfíbios e invertebrados. No entanto, não acolhe peixes, pois não encontram alimento naquelas águas.

O fotógrafo Olivier Grunewald admite ter ouvido falar em Caño Cristales pela primeira vez “há alguns anos, mas nessa altura La Macarena era um sítio perigoso e cheio de conflitos, pelo que não era recomendável viajar até lá”. Quando a situação acalmou, Olivier viajou até lá e, depois de um voo até Bogotá, uma viagem de 5 horas de automóvel até Villavicencio, foi transportado por uma avioneta até La Macarena.

Após um trajeto fluvial numa barcaça, outro num veículo todo-o-terreno e, por fim, uma caminhada. Grunewald alcançou o seu destino, que admite ter “uma paisagem incrível, parece irreal, nunca tinha visto nada assim”.

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Arquivado na categoria: Curiosidades