Vírus modificados: um novo caminho na batalha contra o cancro | Pplware Kids

Vírus modificados: um novo caminho na batalha contra o cancro

As novas tecnologias como a nano e a biotecnologia estão em ascensão e a revolucionar o mundo da ciência.

A agência norte-americana Food and Drug Administration (FDA) aprovou na semana passada um novo medicamento que é um passo enorme na luta contra o cancro. Trata-se de uma nova e radical abordagem ao tratamento do melanoma de pele e gânglios linfáticos. Este novo tratamento ataca directamente as células cancerosas sem causar qualquer dano, situação que se destaca do tradicional tratamento actual, como a quimioterapia, por exemplo.

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Imlygic… o vírus vivo

O medicamento em causa chama-se Imlygic ou laherparepvec talimogene, e é realmente um vírus do herpes, vivo, que foi geneticamente modificado para combater o cancro, sem atacar outras células do nosso corpo. Até agora, os resultados estão longe de serem o ideal, mas abrem uma porta a uma nova forma de combater esta doença.

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Mas este caso não é pioneiro, há já casos com sucesso, como foi o caso da Emma Whitehead.

Emma sofria de leucemia linfoblástica, que consiste na produção de glóbulos brancos imaturos, desde 2010. Não havia muitas opções. Emma, já havia sofrido duas recaídas. Os pais da menina viam as portas a fechar-se a cada dia que passava e procuravam exaustivamente alguém que oferecesse alguma esperança ao caso da filha, e encontraram num Hospital da Filadélfia.

O tratamento a que Emma foi submetida baseou-se na utilização de um vírus HIV modificado, para (re)programar geneticamente o sistema imunológico e combater as células cancerosas. Desta forma o vírus age com as células T, responsáveis pelos anticorpos. Assim, o vírus HIV modificado começa a multiplicar-se de forma frenética, o que fortalece o combate às células B, que geram a produção de elementos malignos, os quais levam à leucemia.

O método, contudo, já havia sido testado em 12 pacientes, mas só resultou em 3. Apenas três adultos apresentaram remissão completa do quadro. O método, portanto, não garantia a eficácia total.

Os pais de Emma arriscaram e seguiram com o tratamento mesmo não havendo já grandes esperanças para a menina, mas Emma foi um caso de sucesso, como podemos constatar:


Voltando ao caso inicial, há procedimento diferentes, contudo o “veículo” é igualmente um vírus que actual conforme foi programado pela natureza e reprogramado em laboratório.

 

Como é que o tratamento funciona?

Quando se injecta o Imlygic directamente nas lesões de melanoma, as partículas deste vírus invadem as suas células, estas reproduzem-se dentro delas partindo-as e matando-as. Também fazem com que aumente a produção da proteína GM-CSF, que ajuda a melhorar a resposta do nosso corpo no combate à doença.

Ainda é cedo para avançar com algo definitivo, até porque os estudos clínicos realizados com mais de 435 pacientes que tinham melanoma metastásico, que testaram este tratamento, não mostraram que ser capaz de recuperar os danos causados pelo melanoma nos órgão internos já afectados. Embora também seja verdade que passados mais de 4 meses metade dos pacientes que estiveram neste tratamento ainda estão vivos e os que não estiveram já não estão. Os médicos acreditam que este tratamento combinado com outros poderá ter um impacto maior.

O preço a pagar é igualmente um problema. O medicamento tem de ser administrado a cada 3 semanas durante um período de seis meses e tem um custo total de 65 mil dólares. Além disso, tem alguns efeitos secundários como a fadiga, calafrios, febre, nauseas e dores na zona onde foi administrado o tratamento.

 

Uma nova forma de combater o cancro

Mas o verdadeiro avanço deste novo tratamento não é tanto os seus resultados iniciais, mas na forma como a empresa de biotecnologia Amgen o tem desenvolvido. Imlygic é um vírus que foi modificado para actuar como deliberadamente, e os seus efeitos colaterais não são piores do que os fármacos que são geralmente ministrados nestes casos.

Quando uma célula se torna cancerosa e se começa a replicar, o seu sistema de defesa contra os vírus fica danificado tornando-se vulnerável. Esta teoria já era conhecida há décadas, mas ainda não tinha sido alcançada a ideia para implementar a modificação de um vírus tornando-o numa arma de combater ao cancro. Então, o que muitos cientistas estão a ver nesta “droga” é uma prova de conceito.

Precisamente por causa da prova de que a teoria estava certa o Imlygic abre as portas para um novo mundo de possibilidades na luta contra o cancro, no qual o vírus e não a quimioterapia será quem vai ajudar na luta sem danificar o resto do corpo.

Via | Wired

Arquivado na categoria: Curiosidades


2 Comentários

  1. Bom artigo que nos deixa expectantes quanto ao futuro.
    Parece que o princípio: “As grandes descobertas devem-se a 90% de de transpiração e 10% de inspiração..”, ainda se mantém.
    Um Tumor é o resultado do desenvolvimento anárquico das células. Sem dúvida que estará na modificação genética 90% a resposta às entidades degenerativas, ditas de “Tumores Neoplásicos”.
    Vamos ter Esperança que esse Anticorpo (Ac) monoclonal seja capaz de atacar as células tumorais, activando o sistema imunitário reduzindo, para já, em cerca de 40 % o risco de progressão da doença. (Hospital Clinic de Barcelona – Revista: “New England Journal of Medicine”)

  2. Modifiquem os virus, mas modifiquem a mentalidade das pessoas também, afinal de contas,”Mente Sã, corpo São. Mente doente corpo doente”……

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